13

Hyouka: 10 diálogos de Knox, 9 proposições e 20 regras para um mistério

Postado por Dener!
E aí, galera! Já estamos praticamente no meio da semana! Todos voltando a suas rotinas, após umas férias merecidas. Enfim...

Hoje trago para vós, algo muito interessante. Se você acompanha Hyouka e gosta, tenho a certeza que vão gostar desse post. Por acaso lembram do mistério que Oreki resolveu do filme incompleto? Pra ser mais exato, o mistério que teve início no episódio 08.

Pois então, vocês devem ter notado que a Irisu mencionou que para Mayu escrever o pequeno filme ela utilizou dos 10 diálogos de Knox, 9 proposições e 20 regras para escrever um mistério, por isso não seria difícil descobrir o fim do filme.


Contudo, você conhece esse 10 diálogos de Knox, 9 proposições e 20 regras para escrever um mistério? Eu também não conhecia. Por isso imediatamente após saber daquilo pausei o anime e fui googlear. Então depois de alguns post programados, resolvi compartilhar com aqueles que não conhecem. Quem disse que anime não nos ensina nada? (ò_ó)

Primeiramente vamos conhecer um pouco sobre esse tal Knox que tanto a Irisu quanto o Satoshi se referem.  Como nosso foco não é quem é ele, mas sim as 10 regras, farei uma breve apresentação.

Wikipedia imagens Ronald Arbuthnott Knox, foi um padre, teólogo e escritor americano, que após converter-se do anglicanismo para o catolicismo [em 1917] codificou o que seria os 10 mandamentos para as histórias de detetive [em 1929]. Além de ter sido autor de diversas histórias de detetive clássica, Knox também traduziu muitas obras bíblicas para o inglês e fez ensaios[?] sátiros e críticos à obras de autores de renome, como Sherlock Homes, por exemplo. Exemplos de suas obras: "The Viaduct Murder" (1925) e "A Motive" (1937).

Bem, vamos então saber quais são esses 10 mandamentos do mistério, segundo Knox. Conforme for citando, após as aspas darei uma breve explicação de acordo com o meu entendimento.

01) - "O criminoso deve ser alguém mencionado na primeira parte da história, mas não deve ser alguém cujos pensamentos o leitor tenha sido autorizado a seguir". Em outras palavras, não deve ser ninguém que o espectador leve em consideração como suspeito.

02) - "Todos os agentes sobrenaturais ou sobrenatural são descartadas como uma questão de disciplina". Nada de explicar um evento/situação com algo inexistente.

03) - "Não é admissível mais que uma sala ou passagem secreta".

04) - "Venenos desconhecidos até agora não podem ser utilizados, nem qualquer aparelho que terá uma explicação científica ao longo do final". Ou seja, ficção científica não é permitido.

05) - "Nenhum chinês deve figurar na história". Essa eu realmente não entendi, soou como um preconceito. Ou talvez tenha um sentido figurado nesta regra.

06) - "Nenhum acidente deve sempre ajudar o detetive, nem ele deve sempre ter uma intuição inexplicável o que prova ser o certo". Nada de acasos que vão sempre à favor do detetive nem uma intuição paranormal.

07) - "O detetive não deve cometer ele mesmo o crime". O detetive não é suspeito em nenhuma hipótese então.

08) - "O detetive não deve acender em quaisquer pistas que não são produzidos instantaneamente para a inspeção do leitor". Não surgirão pistas que o espectador não tenha visto.

09) - "O amigo estúpido do detetive, o Watson, não deve esconder os pensamentos que passam por sua mente, sua inteligência deve ser pouca, mas muito ligeiramente, inferior à do leitor médio". Detetives só devem ter assistentes meio burros que falam só besteiras, mas que eventualmente ajudam o solucionador.

10) - "Irmãos gêmeos, e dobra em geral, não deve aparecer, a menos que tenham sido devidamente preparado para eles". - Sem essa de irmão gêmeo que surge do nada, se existir deve ser falado desde o início.


Pois bem, essas são as regras de Knox, que atualmente não são levadas em conta para os mistérios uma vez que são vistas como ultrapassadas.


As nove proposições, como não foram citados nenhum autor, eu encontrei duas possibilidades distintas em minhas pesquisas: uma religiosa, do qual não faz o maior sentido, e outra que diz como um mistério deve ser construído estruturalmente e gramaticalmente, porém não vou expor aqui por ser muito extenso e complexo. Quem tiver o interesse muito grande clique aqui!

Pulemos então para as vinte regras para escrever um mistério, publicada originalmente na Revista Americana em setembro de 1928, de S.S. Van Dine[?].

 01) - "O leitor deve ter oportunidade igual com o detetive para resolver o mistério. Todas as pistas devem ser claramente definidos e descritos.".

02) - "Sem truques intencionais ou enganos podem ser colocados ao leitor além daqueles desempenhados legitimamente pelo criminoso.".

03) - "Não deve haver nenhum interesse amoroso. O negócio na mão é levar um criminoso à barra da justiça, para não trazer um casal apaixonado para o altar himenal.". Sem compaixão, sem romance. Apenas a justiça.

04) - "O próprio detetive, ou um dos investigadores oficiais, nunca deve vir a ser o culpado. Isso é malandragem careca, a par com a oferta de alguém um centavo brilhante para uma peça de ouro de cinco dólares. São falsos pretextos." - LOL - o autor usou humor nessa aqui.

05) - "O culpado deve ser determinada por deduções lógicas - não por acaso ou coincidência ou confissão desmotivado. Para resolver um problema penal nesta última moda é como enviar o leitor a uma deliberada selvagem ganso, e, em seguida, dizendo-lhe, depois que ele falhou, que teve o objeto de sua pesquisa na manga o tempo todo[...]".

06) - "O romance policial deve ter um detetive na mesma, e um detetive não é um detetive, a menos que ele detecta. Sua função é coletar pistas que acabará por levar à pessoa que fez o trabalho sujo no primeiro capítulo, e se o detetive não atingir suas conclusões através de uma análise dessas pistas, ele não tem mais resolvido o seu problema que o estudante que recebe a resposta para fora da parte de trás da aritmética".

07) - "Deve ter simplesmente um cadáver em um romance policial, e quanto mais morto o cadáver do melhor. Nenhum crime menor do que o assassinato será suficiente. Trezentas páginas é tormento demais para um outro crime que não seja assassinato. Afinal, a aflição do leitor e dispêndio de energia deve ser recompensado.". No anime vemos que Mayu era contra essa regra, posteriormente.

08) - "O problema do crime é deve ser solucionado por meios estritamente naturalistas. Tais métodos para aprender a verdade, como slate-writing, ouija-boards, leitura da mente, bola-de-cristal, e outros semelhantes, são tabu.[...]" - O leitor tem a chances de competir com o detetive de quem resolve o mistério primeiro [o que é legal num mistério], porém ele não tem chances com o sobrenatural.

09) - "Deve haver, mas um detetive[...]. Para trazer as mentes de três ou quatro, ou às vezes uma quadrilha de detetives para carregar em um problema, não é só para dispersar o interesse e quebrar a linha direta da lógica, mas para ter uma vantagem injusta do leitor. Se houver mais do que um detective o leitor não sabe quem é o seu condutor. É como fazer o leitor correr uma corrida com uma equipe de revezamento."

10) - "O culpado deve vir a ser uma pessoa que tem desempenhado um papel mais ou menos proeminente na história - isto é, uma pessoa com quem o leitor está familiarizado e em quem ele se interessa.".

11) - "O servo não deve ser escolhido pelo autor como o culpado. Esta é uma questão implorando nobre. É uma solução muito fácil. O culpado deve ser uma pessoa decididamente que valha a pena - que não seriam normalmente sob suspeita". Hahaha. Mordomos e empregados devem ser descartados!

12) - "Deve haver apenas um culpado, não importa quantos assassinatos são cometidos. O culpado pode, é claro, tem um ajudante menor ou co-plotter, mas o ônus inteiro deve descansar sobre um par de ombros: a indignação toda do leitor deve ser autorizado a se concentrar em uma única natureza negra.". Terão outros personagens que desgostaremos é claro, mas depende de leitor pra leitor, e como dito, a indignação toda é unânime.

13) - "Sociedades secretas, camorras, máfias, etc, não têm lugar em uma história de detetive. Um assassinato fascinante e verdadeiramente belo está irremediavelmente estragado por qualquer culpabilidade como no atacado[..]".

14) - "O método de assassinato, e os meios de detectá-lo, deve ser ser racional e científico. Ou seja, pseudo-ciência e dispositivos puramente imaginativas e especulativas não podem ser tolerados[...]".

15) - "A verdade do problema deve estar sempre visível - desde que o leitor seja astuto o suficiente para vê-la. Com isto quero dizer que se o leitor, depois de aprender a explicação para o crime, se reler o livro, ele veria que a solução estava, em certo sentido, na cara dele, que todos os indícios apontavam para realmente o culpado - e que, se ele tivesse sido tão inteligente como o detetive, ele poderia ter resolvido o mistério sozinho, sem passar para o capítulo final. Que o leitor inteligente não muitas vezes, assim, resolve o problema evidente.".

16) - "Um romance policial não deve conter longas passagens descritivas, sem diversões literais com o lado de questões, sem análises sutis de personagens de fora, sem preocupações 'atmosféricas'. Essas questões não têm lugar vital em um registro de crime e dedução. Mantêm-se a ação e introduzir questões irrelevantes para o objetivo principal, que é declarar um problema, analisá-la e trazê-lo para uma conclusão bem sucedida. Para ter certeza, deve haver um descritivo suficiente e um esboço de personagens para dar plausibilidade a novela".

17) - "Um criminoso profissional nunca deve ter com quem dividir a culpa de um crime em uma história de detetive. Crimes por housebreakers [aqueles que invadem casas] e bandidos são de competência dos departamentos de polícia - e não dos autores e brilhantes detetives amadores. Um crime realmente fascinante é um cometido por um pilar de uma igreja, ou uma solteirona conhecida por suas obras de caridade".

18) - "Um crime em uma história de detetive nunca deve vir a ser um acidente ou um suicídio. Para terminar uma odisséia de investigar com tal um anti-clímax é enganar o leitor confiante e bondoso.". Então, em mistérios não existem acidentes, nem acasos que explicarão os crimes.

19) - "Os motivos para todos os crimes em histórias de detetive deve ser pessoal. Conspirações internacionais e política de guerra pertencem a uma categoria diferente da ficção - em segredo de serviços-contos, por exemplo[...]. Deve refletir experiências cotidianas do leitor, e dar-lhe uma saída certa para seus próprios desejos e emoções reprimidas.".

20) - "...Aqui uma lista de alguns dos dispositivos que nenhum escritor de história de detetive que se preze vai agora valer-se. Eles têm sido utilizados com muita freqüência, e são familiares a todos os verdadeiros amantes do crime literário. Para usá-los é uma confissão de incompetência do autor e falta de originalidade:
(A) - Determinar a identidade do culpado, comparando a ponta de um cigarro deixada na cena do crime com a marca fumada por um dos suspeitos;
(B) - Sessões espirituais falsas para assustar o culpado em manter afastado;
(C) - Forjar impressões digitais;
(D) - O álibi fictício;
(E) - O cão que não late e, assim, revela o fato de que o intruso é familiar;
(F) - A final pinagem do crime em um duplo [gêmeo], ou um parente que se parece exatamente com o suspeito, mas a pessoa, inocente;
(G) - A seringa hipodérmica que deixa em knockout e cai;
(H) - A incumbência do assassinato em uma sala trancada depois de a polícia ter realmente descoberto;
(I) - O teste de associação de palavras para a culpa;
(J)  -A carta da cifra, ou código, que é finalmente desvendado pelo detetive."




Enfim, galera, essa foi a tradução que fiz das 20 regras para escrever um mistério. Eu particularmente aprendi muito com essas regras, a última é muito interessante, pois diz o que não usar em nossos mistérios para não torná-lo clichê.

As 20 regras, assemelham-se muito com as 10 de Knox, e servem tanto pra quem quer escrever um mistério para quem quer desvendar um mistério. Contudo vale ressaltar que os mistérios atuais dificilmente cumprem com essas regras. A verdade é que uma ou outra apenas é seguida disso. E isso torna o mistério um pouco mais chato, uma vez que, ainda citado nas regras, fica difícil competir com atividades paranormais, não é mesmo!


E o post de hoje fica por aqui! Espero que tenham curtido!
Matte ne!!
o/

Outras fontes: Wikipedia-En

13 Responses so far.

  1. Misaki-chan says:

    Ahhhh! Muito bom o post! Eu tava mesmo procurando no google isso quando assisti, mas não encontrei!
    Eu sempre fico tentando desvendar os mistérios antes do Oreki, mas ela e muito bom! Vou tentar usar essas regras.

  2. Misaki-chan says:

    *ele é

  3. Caio Jr says:

    Nusss! Eu tbm tinha procurado quando assisti o anime mas ñ achei. Animes de misterio são os mais foda

  4. Mariana says:

    Muito bom o post, bem explicado (sem contar o trabalho que isso deve ter dado), to achando o anime um dos mais legais até agora por fatos como esse que te fazem pesquisar, Parabéns

  5. Guilerme says:

    Verdade! Também acho que está sendo o melhor dessa temporada! Animes de mistério prendem mais nossa atenção! Acabei de ver esse epi e vim pesquisar XD...

  6. Killraven says:

    Excelente post e excelente anime, pena que são poucos animes de mistério que tem por aí. E eu sou Sherlockiano com orgulho!

  7. Dbatta says:

    Lendo seu post pensei na "rainha do mistério" Agatha Christie, não tenho duvidas que as referencias ou regras foram baseadas na leituras na sua "obra sobrenatural" até hoje sem comparação neste milênio.
    Hyoka, mantendo as devidas proporções, é um anime que "instiga" nossa imaginação e raciocino e deve ser acompanhado até o fim.
    ^_^

  8. Anônimo says:

    05) - "Nenhum chinês deve figurar na história"

    Acho que o povo Americano não gostava muito dos chineses na época do Sr.Knox, se não me engano eles estavam envolvidos com o sub mundo americano, então o que ele quer dizer é "O criminoso não pode ser alguém que é taxado de criminoso desde o começo" ou "não envolva preconceitos em seu misterio"

  9. Dener says:

    Realmente faz todo o sentido isso, historicamente falando! Agora entendi! XD

  10. Anônimo says:

    Fazia tempo que um anime nao me fazia pesquisar. Esse é o mérito de hyouka pra mim. Qd vejo alguma referencia, vou proucurar antes mesmo d ver o resto do episodios.Mt obrigado pelo post, ajudou muito ja q nao encontrei em outro lugar. Outra coisa que achei interessante em Hyouka foi a citaçao dos 108 desejos mundanos do budismo. Fiquei com dificuldade de achar mas achei nesse pdf, quem quiser pode dar uma olhada

    http://www.metaconsciencia.com/down/boletim-metaconsciencia-6.pdf

  11. Unknown says:

    Quanto ao do chinês, creio que seja por causa dos paranuê que só os chineses sabem. Não seria muito admissível saber que o responsável pelo assassinato fosse alguém com manobras estilo Jackie Chan. Não seria muito persuasivo. Ao menos que citassem no ínicio da história técnicas que o chinês utiliza e na resolução do mistério, usasse-as.

  12. Unknown says:
    Este comentário foi removido pelo autor.
  13. Adorei o blog, pelo conteúdo informativo e bem escrito, o parabenizo por isso. Apesar da opinião positiva, creio eu que posso discordar de uma parte,a sétima regra: "O detetive não deve cometer ele mesmo o crime". Eu particularmente acharia interessante o culpado ser o detetive, tendo manipulado tudo incluindo e retirando pistas, a fim de incriminar alguém no seu lugar. Obviamente, não é tão simples, mas é uma opinião própria, sinta-se a vontade para refutá-la. Desde já, agradeço.